sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Se eu pudesse eu entrava sem você ver
Em cada cômodo
Em todos espaços
Até naquele canto esquecido
Que ninguém nunca vai
Mas que eu quero invadir
E me acampar
Sem prazo pra ficar
E sem data pra sair

Se eu pudesse eu entrava sem você ver
Pela tua boca
Através da tua roupa
E desbravava minunciosamente
Cada milímetro do teu ser
Todos teus mistérios
E toda tua privacidade
Até me perder 
 
Se eu pudesse eu entrava sem você ver
Sem hora marcada
Na penumbra ou no amanhecer
Te devolvia as chaves
Desligava as luzes
Abria as cortinas
E destrancava a porta
Pra eu poder partir
Sempre que quiser 


(Sempre que eu precisar)

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

E é justamente nesses momentos despretensiosos
Que a vida acontece
Se faz
E se desfaz
Mil vezes
Antes do sol nascer.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

'E o que restou de nós dois?
apenas morangos mofados na porta da geladeira.'
Ah! Esse calor!
(da minha alma, não do ambiente)
A vida queima,
Os sonhos ardem

Eu vejo o mundo em vermelho
Fervendo
Transpirando
Mil desejos pra se realizar

E eu quero te ter
Sem pudor
Sem medo
Sem hora pra acabar
A noite toda.


('Try to set the night on fire!')

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010


Céu de veludo
Sem poluição visual,
sem estrelas,
sem nada
Eu gosto do vazio

A música dos carros destrói o silêncio ambiente
Enquanto as lâmpadas dos postes clareiam a tão familiar escuridão da noite
Revelando tantos destinos
mostrando toda a verdade

Há pessoas sem direção
Há pessoas estagnadas
Há pessoas girando em torno do seu próprio eixo
que não enxergam o que vêem

Gritos distantes
medos tão próximos
da janela eu observo
eu só observo
o mundo continuar a girar

Há pessoas na contramão
Há pessoas desorientadas
Há pessoas chorando sem saber o porquê

Luz natural ou artificial,
não importa,
O breu está em suas almas
impregnado
concretado
E é só o que há.